domingo, 14 de setembro de 2008

Quociente de Inteligência e Orientação Política

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Some political advice for conservatives. By Sam Wilkinson.

Em tempos de eleição é sempre importante darmos uma checada nas nossas escolhas. Principalmente se pudermos fazer uma escolha "inteligente". Por anos, psicólogos, sociólogos, antropólogos e cientistas das mais variadas áreas têm tentado demonstrar uma relação entre "inteligência" e "orientação política". Seriam os liberais mais inteligentes ou não?

Um artigo in press da revista Personality and Individual Differences tenta abordar esse assunto. O título é direto: "Is there a relationship between political orientation and cognitive ability? A test of three hypotheses in two studies. O autor é Markus Kemmelmeier, sociólogo da Universidade de Nevada. (para o abstract, clique aqui). Segundo o resumo:

"Two studies tested one linear and two curvilinear hypotheses concerning the relationship between political conservatism-liberalism and cognitive ability. Study 1, focusing on students at a selective US university (n = 7279), found support for the idea that some dimensions of conservatism are linked to lower verbal ability, whereas other dimensions are linked to higher verbal ability. There was also strong support for political extremists both on the left and right being higher in verbal ability than centrists. Study 2 employed aggregate data pertaining to the 50 US states and demonstrated that conservatism was linked to lower cognitive ability in states with high political involvement, but found conservatism to be correlated with higher average ability in states with low political involvement. The discussion addresses potential implications and criticisms of this research."

O assunto é complexo. Até Theodor Adorno deu os seus pitacos em 1950! (ver aqui e aqui). Fico pensando se o QI é um bom método para medir tais variáveis, se não existiria um bias de publicação e se ser de "esquerda" nos EUA é a mesma coisa que ser de "esquerda" na França ou no Brasil. Não consigo desvincular tais publicações de tentativas de legitimação, mas vindo de um país como os EUA, tudo fica muito confuso. Gostaria de ouvir a opinião dos leitores.

8 comentários:

Anônimo disse...

Caro Karl, não ficou claro para mim que sejam testes de Q.I., pois o resumo só menciona "habilidade verbal". De qualquer maneira, não acredito nesse tipo de maniqueísmo. Temos exemplos de intelectuais de grande envergadura tanto na "left wing" como na "right wing". Não é questão de concordar ou discordar de acordo com as nossas próprias convicções, mas de reconhecer a magnitude dessas figuras humanas. Odeio o homem Céline, odeio o homem Ezra Pound, mas consigo reconhecer-lhes as obras.

Maria Guimarães disse...

é possível que estreiteza nas visões políticas se reflita de maneira geral na capacidade de pensar, refletir com base em dados novos, chegar a conclusões inovadoras... se for assim radicais de qualquer lado do espectro político teriam capacidade cognitiva reduzida. será?

Karl disse...

Concordo, caríssimo Aleph. O que é engraçado é que tratamos de um trabalho americano cuja conclusão é algo, digamos, inusitada.

Maria, parece que o estudo conclui exatamente ao contrário, ou seja, os extremistas, de um lado ou outro, são os que apresentam as habilidades cognitivas no nível mais elevado. O que também não deixa de ser paradoxal.

Anônimo disse...

Não, não acho que seja paradoxal. Um extremo-esquerdista ou extremo-direitista precisa ser muito bom de "lábia" para se sustentar como tal.

Karl disse...

O estudo tinha 3 hipóteses para relacionar habilidades cognitivas e orientação politica. A saber:

Hypothesis 1 predicts there to be a linear and positive relationship between these constructs. Assuming that extremists of all stripes are similar in their lack of cognitive resources, Hypothesis 2 predicts an inverted U-shaped curvilinear relationship with higher cognitive ability in the political mainstream, and lower ability toward the extremes. Lastly, assuming that deviating from the political mainstream requires cognitive resources, Hypothesis 3 predicts a U-shaped curvilinear relationship with higher levels of cognitive ability toward the political extremes, and lower levels toward the center. Note that, while Hypothesis 2 and 3 make opposite predictions, Hypothesis 1 is compatible with either of the two. Indeed, investigations examining cognitive styles have obtained support for both Hypothesis 1 and 3.

Karl disse...

As conclusões são:

The present studies paint a somewhat complex picture of the relationship between cognitive ability and political orientation. There was general support for Adorno et al.’s (1950) notion that higher conservatism (lower liberalism) was linked to lower cognitive functioning (Hypothesis 1).

Hypothesis 3, Sidanius’s (1985) notion that extremists, whether conservative or liberal, command greater cognitive resources also garnered a good deal of support.

In the present data there was no evidence whatsoever to support the notion that those on the political fringes have lower cognitive ability than those with middling views (Hypothesis 2).

is ilanlari disse...

é possível que estreiteza nas visões políticas se reflita de maneira geral na capacidade de pensar, refletir com base em dados novos, chegar a conclusões inovadoras...

Webdesign disse...

Hypothesis 3, Sidanius’s (1985) notion that extremists, whether conservative or liberal, command greater cognitive resources also garnered a good deal of support.