quarta-feira, 6 de agosto de 2008
A Blogerização do Pensamento Científico?
Na Science de 18 de Julho, um artigo tem chamado a atenção de blogs científicos. A pergunta do artigo é: qual é o efeito da disponibilização online de revistas nas citações científicas? A pesquisa online alargaria as citações e permitiria a inclusão de artigos fora do círculo de revistas principais em cada campo. Usando modelos matemáticos complexos, o autor demonstra que o que ocorre é exatamente o contrário. Quanto mais online a revista vai ficando (o que o autor chama de deeper backfiles, ou seja, vai colocando seu conteúdo antigo online), mais os autores citam artigos mais recentes e de cada vez menos revistas, restringindo-se às principais de cada campo. Isso se deveria a uma maior velocidade em se atingir a opinião prevalente na literatura, segui-la e assim, objetivamente, citar menos artigos: "By enabling scientists to quickly reach
and converge with prevailing opinion, electronic journals hasten scientific consensus." Mas, no melhor estilo pós-moderno, o autor arremata: "Findings and ideas that do not become consensus quickly will be forgotten quickly." Nada mais certeiro.
Além disso, há uma mudança na forma de browsing. Os cientistas estão usando cada vez mais hyperlinks!:
"Moreover, hyperlinking through an online archive puts experts in touch with consensus about what is the most important prior work—what work is broadly discussed and referenced. With both strategies, experts online bypass many of the marginally related articles that print researchers skim."
Os hyperlinks são linguagem corrente de fóruns, blogs e emails. Formas já clássicas de discussão no ciberspaço. A cibercultura invade a comunicação científica. Ou é o inverso?
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4 comentários:
Muito interessante.
Antes, ir na biblioteca e xerocar um artigo na Nature dava tanto trabalho que o de uma revista menos conhecida.
Agora podemos ler artigos recentes de revistas grandes muito mais facilmente do que os antigos e de revistas pequenas (cuja assinatura eletrônica da sua universidade não te dá acesso).
e revistas de acesso liberado são mais consultadas e citadas, independente da qualidade do que publica. subverte o princípio do impacto de uma publicação.
Com isso, o padrão de citações muda e também faz mudar, a maneira de escrever artigos. Daí, a blogerização do discurso científico (o que em si, não acho ruim, nem bom).
Maria, lembrar que o fator impacto é da Thomson Reuters, empresa que tem ações na Nasdaq e não é .org nem filantrópica. Para excelente visão do fator impacto ver http://medicine.plosjournals.org/perlserv/?request=get-document&doi=10.1371/journal.pmed.0030291
Caro Karl, não acho que seja o inverso não. É uma forma da ciência se adaptar para sobreviver...
Abraço!
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