segunda-feira, 28 de abril de 2008

Dúvida e Salvação


Horkheimer em 1970, escreveu o ensaio Teoria Crítica Ontem e Hoje. Sobre a ciência, escreveu ele:


"A ciência é uma tal ordenação dos fatos de nossa consciência que ela permite, finalmente, alcançar cada vez, em um lugar exato do espaço e do tempo, aquilo que exatamente deve ser esperado ali. (...) A exatidão é, nesse sentido, o objetivo da ciência. Entretanto, e aqui aparece o primeiro tema da Teoria Crítica, a própria ciência não sabe por que põe em ordem os fatos justamente naquela direção, nem por que se concentra em certos objetos e não em outros. O que falta à ciência é a reflexão sobre si mesma, o conhecimento dos móveis sociais que a impulsionam em certa direção: por exemplo, em ocupar-se da Lua e não do bem-estar dos homens."


Ao descartar as promessas não cumpridas de Marx como diferenças entre a Teoria Crítica de ontem e hoje, Horkheimer escreve:


"Por último, aquilo que Marx esperava da sociedade justa é falso - não fosse por outra razão - , e este enunciado é importante para a Teoria Crítica, porque a liberdade e a justiça tanto estão ligadas quanto opostas. Quanto mais justiça, menos liberdade. Se quisermos caminhar para a equidade, devem-se proibir muitas coisas aos homens, notadamente de espezinharem-se uns aos outros".


E quanto a quem poderia ser aliado na empreitada:


"Se a tradição, as categorias religiosas e, em particular, a justiça e bondade de Deus não forem transmitidas como dogma (grifo meu), como verdades absolutas, mas como a nostalgia daqueles capazes de uma verdadeira tristeza, e isso precisamente porque essas doutrinas não podem ser demonstradas e porque essa dúvida é seu lote, a mentalidade teológica, ou pelo menos sua base, poderá ser conservada de uma forma adequada. A introdução da dúvida na religião é um momento necessário para salvá-la".


É onde Ratzinger conscientemente peca.

2 comentários:

Anônimo disse...

"Para crer, basta ter fé"
(Sto. Agostinho)

Karl disse...

Para não crer, também...